Lúcio estava perplexo por ver o nome do primo na lista de um livro estranho de contos antigos. Sabia que o primo não se interessava por esse tipo de leitura, mas depois do que ocorrera no ano anterior, ele já não duvidava mais de nada. Pensou um pouco sobre o assunto enquanto assinava a lista. Era possível que aquela fosse mais uma das loucuras do primo. No entanto, não tinha muito tempo para gastar, pensando naquilo. Assim, entregou a lista e eles saíram da biblioteca.
Não puderam ler o livro de imediato pois a aula já havia começado e eles estavam apressados, com medo de perder a primeira aula de física do ano. Esteves ia correndo na frente enquanto os dois namorados iam atrás, tentando acompanhá-lo. Ele parecia estar tão ansioso que nem demonstrava cansaço ao correr.
Ao chegarem na sala e abrirem a porta, encontraram a sala toda escura. Pensaram ter entrado na sala errada ou então que a aula havia sido cancelada, mas, de repente, um clarão fez os três caírem para trás. O barulho da queda foi tamanho que fez o professor Robson acender as luzes e correr para ajudar os três estudantes que estavam caídos no chão a se levantarem.
Ao contrário do que os três pensaram no momento em que abriram a porta, estava havendo aula ali. Após as pupilas voltarem gradativamente ao seu estado normal, foram vendo os outros alunos sentados nas carteiras e o professor, olhando preocupado para eles.
Foram então caminhando - exceto Esteves, que estava correndo - para os seus devidos lugares, e reparando que, na frente da sala, havia vários instrumentos, desde carrinhos, pêndulos e rodas dentadas a placas de circuito e bolas metálicas estranhas. As três mesas na frente da sala pareciam um pequeno parque de diversões.
Robson era totalmente diferente dos outros professores de física que aquela escola já teve em toda sua existência. Recém-chegado na escola, o professor decidiu mostrar aos alunos, em sua primeira aula, tudo o que a física poderia proporcionar às pessoas. Assim, resolveu realizar experimentos baseados em todos os assuntos que eles aprenderiam durante o curso de física, não somente naquele ano, mas no decorrer de todo o ensino médio.
Assim que os três retardatários sentaram, o professor se apresentou a eles e pediu desculpas pela escuridão na sala, na hora em que eles adentraram. Explicou que estava demonstrando um experimento de óptica sobre a trajetória retilínea dos raios de luz justamente na hora em que os três resolveram aparecer na sala e receberam a rajada de feixes quase que diretamente no rosto.
Lúcio então reparou no mini-holofóte posicionado em cima da mesa e voltado em direção à parede próxima à porta da sala. - Isto explica o clarão - Pensou alto Esteves, apontando para o aparelho e fazendo o resto da sala cair na risada.
Neste poucos minutos de atraso dos três, a turma já havia visto experimentos sobre atrito, inércia e sobre óptica. O próximo experimento que o professor Robson iria mostrar era sobre eletromagnetismo - uma área que tanto Lúcio quanto Jaqueline eram fascinados.
O professor pegou então duas baterias que pareciam ser de celular e conectou-as a duas barras aparentemente metálicas através de um fio. Robson enrolou as barras com o fio, ligando cada barra a uma bateria diferente. Assim que o professor juntou o último fio ao único terminal livre da última bateria, as barras que estavam juntas em cima da mesa juntaram, fazendo um som característico de metal colidindo. As duas barras agora estavam tão juntas que pareciam ser uma coisa só. A ligação era tão forte que precisaria de uma força muito grande para separar aqueles dois objetos.
O som do tilintar dos metais ecoava na cabeça de Esteves, que olhava atentamente as tentativas frustradas do professor separar os dois metais. O cérebro do garoto estava a mil. Aquele experimento o fez despertar de um sonho que ainda estava tendo desde a noite passada. Desse modo, como se a cadeira em que estava sentado estivesse dando choque, Esteves se levanta, olha rapidamente para Lúcio e grita: - É isso!
Lúcio, ao olhar nos olhos do amigo, entende o que ele quer dizer. Vira então na direção de Jaqueline, entusiasmado para fazê-la entender a solução do problema. No momento em que começa a sussurrar para ela, ele ouve o som da porta abrindo e uma voz familiar ecoando pela sala:
- Desculpe o atraso, professor. Acabei de chegar de viagem - diz Marcos, com a mão na maçaneta da porta.
Um comentário:
Semana após semana a história vai crescendo, ganhando forma e ficando mais interessante...
E vc já tá virando um mestre nos cliffhangers, hein? xD
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