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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Lacius - O Fogo [5]

A multidão se aproximava, curiosamente, dos três alunos. Outros grupos, ao verem a multidão crescendo naquele lado, também estavam se encaminhando para verificar o que estava acontecendo. Todos pareciam querer ver a menina que chorava e o namorado que a segurava nos braços, tentando ampará-la.

Em meio à aglomeração e à bagunça que estava se formando, o olhar perspicaz de Esteves visualizou algo que, até então, passara despercebido. O livro que Lúcio ganhara de presente estava no chão, perto das cinza do antigo livro da biblioteca e completamente aberto.

A velocidade com que Esteves correu em direção ao livro, agarrou-o e o jogou, ainda aberto, dentro da mochila foi surpreendente. Nem Lúcio, que estava preocupado com a namorada, nem o restante do pessoal em volta, que estava tentando entender a situação, repararam em Esteves ou no livro que agora estava seguro, atrás das suas costas.

Alguns instantes depois do acidente, o barulho no pátio já estava demais, atraindo a atenção dos funcionários do colégio. Um curioso zelador que era responsável por aquela área atravessou a multidão e encaminhou os três "arruaceiros" à enfermaria, dispersando os demais que ainda se encontravam ali.

A enfermeira verificou se os três estudantes estavam bem, sendo bastante atenciosa com Jaqueline que se mostrava claramente mais abalada que os outros dois. Jaqueline reclamava das queimaduras nas mãos, apertando as mesmas e chorando de dor. A enfermeira, porém, ao verificar o local onde as queimaduras estariam, não encontrou ferimento algum, exceto uma vermelhidão causada pela força que a garota estava colocando nas mãos.

Esteves saiu da enfermaria em direção à sala de leitura, deixando Lúcio cuidando da namorada. Apesar de não estar ferida, a enfermeira estava administrando um medicamento calmante em Jaqueline, pois esta ainda estava muito nervosa com o susto. Os três se encontrariam mais tarde na aula de química.

Na sala de leitura, Esteves abriu a mochila e retirou o livro preto que continuava aberto e o colocou sobre a mesa. Folheou o livro rapidamente, tentando compreender a linguagem nele utilizada, mas o trabalho foi em vão. Os símbolos contidos no livro pareciam não fazer nenhum sentido para ele. Por todo o livro, Esteves não encontrou nada que lhe fosse familiar. Estava muito chateado por não ter termindado de ler o livro anterior e agora, mais chateado ainda por estar com o maldito livro aberto e não conseguir lê-lo.

Passados alguns minutos tentando encontrar alguma ligação nos livros, Esteves ouve o sinal tocar. A aula de química estava começando. Jogando o livro novamente dentro da mochila, ele vai em direção à sala de aula procurar pelos amigos que já se encontram lá com os demais alunos.

- Cara, o livro está em outra língua... - fala Esteves, mal-humorado para Lúcio.
- Ops... Jaque... você está melhor? - ele interrompe a si mesmo, lembrando-se que estava preocupado com a amiga Jaqueline.
- Estou bem. - responde ela no mesmo momento que Lúcio faz uma cara de desentendimento e o pergunta: - Que livro?

Porém, Esteves não tem tempo de responder à pergunta, pois o professor entra rapidamente na sala e informa, com pressa:

- Boa tarde, classe. Meu nome é Bóris. Sou o seu professor de química. Tenho um recado para os alunos Esteves, Jaqueline e Lúcio. A diretora quer vê-los na sala dela, com urgência.

Após o impacto da notícia, os três levantam e saem da sala em direção à diretoria, onde tentaram explicar à diretora o motivo do fogo em um dos livros da biblioteca. A diretora porém não estava acreditando muito naquela história. - Um livro não pegaria fogo sem motivos. Alguém precisa provocar o fogo para que ele aconteça. - explicava a diretora. Para ela, a história não tinha fundamentos. Onde estavam as marcas de queimadura que eles teimavam em continuar falando?

- Sinto muito, garotos, mas vocês não me deixam alternativas. Como não querem contar a verdade sobre o que aconteceu e como testemunhas afirmam que vocês são os responsáveis pelo ato de vandalismo no pátio, terei de suspendê-los.

Ao dizer isto, a diretora entrega três papéis com o comunicado de suspensão de dois dias para que os alunos encaminhassem aos pais para assinatura. Lúcio e Esteves receberam os papéis aborrecidos, mas não tanto quanto Jaqueline. Os olhos dela faiscavam de raiva. Ela estendeu a mão para agarrar a folha de papel porém, ao segurar o documento das mãos da diretora, o mesmo entrou em chamas, deixando todos eles completamente assustados.

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