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quarta-feira, 9 de março de 2011

Ás de Ouros - Capítulo 4 [4]

– Que merda é essa?

Carlos ainda estava parado na entrada do escritório.

Silvia largou a máquina fotográfica, que estava pendendo em seu pescoço pela alça, e ficou boquiaberta.

– Isso parece cena de um filme ou... – ela levou alguns segundos para completar a frase. – um ritual macabro.

Edson passou pelos dois e foi adentrando no escritório, como se quisesse ser o centro das atenções.

– Impressionante, não? – Edson falava com os braços esticados, parecendo que acabara de revelar uma supresa para Carlos e Silvia. – Eu também reagi mais ou menos como vocês quando vi. ­– e agora se dirigia a Silvia. – Nossa, santa-mãe-da-cabeça-raspada? De cara, essa já é uma das minhas favoritas!

– Oh, vocês chegaram!

Carlos não havia percebido que Marcone também estava presente no escritório, ao fundo, vasculhando a estante de livros. Marcone é um investigador de 38 anos, baixo e que gosta de usar cavanhaque e uma característica costeleta quadrada. Ele era bastante amigável, apesar de ser uma pessoa de poucas risadas.

Ele apenas acenou para Carlos, que ainda estava impressionado com a cena que via. E a cena era realmente impressionante.

O corpo de Otávio estava sentado na cadeira à sua mesa de trabalho, mas ele estava sem a cabeça. O suéter marrom que ele usava estava coberto de sangue. Uma katana estava enfiado em seu peito, atravessando o seu toráx na região do coração e perfurando o encosto cadeira. Dois sais foram estocados um em cada mão, como se o prendesse ao braço da cadeira. A cabeça estava repousada sobre a mesa e com os olhos abertos. O sangue que saia da cabeça cortada escorria pela mesa e pingava o chão, onde já havia uma pequena poça de sangue.

Mesmo com todos os seus anos de experiência como investigador, Carlos ainda se espantava ao ver cenas de crimes tão brutais como essa. Ele foi andando devagar e se aproximando do lugar onde estava o corpo de Otávio.

– Esse corte foi perfeito – e Carlos ia se aproximando mais do corpo. – Uma única espadada.

– O assassino deve ser uma pessoa bem forte para conseguir esse feito – dizia Silvia, agora se aproximando e tirando algumas fotos.

– Vocês ainda não viram a cena do crime como um todo – disse Edson, estranhamente empolgado.

Ele apontou para a parede em que havia uma coleção de espadas japonesas e um armário de trófeus.

Carlos e Silvia olharam para a parede, mas voltaram a olhar para Edson com estranheza porque eles tinham certeza de que ele não queria os dois admirassem os troféus que Otávio havia conquistado ou algum sabre em especial.

Com um ar de quem já esperava por aquilo, Edson girou o indicador, apontando para um espaço na parede ao lado do armário com uma roupa de esgrima.

– E a coisa consegue ficar pior!

Silvia se aproximou do parede com a máquina fotográfica na frente do seu rosto e já batendo fotos. Carlos mal pode ver o que tinha na parede, mas notou uma katana enfiada no chão e com sangue seco na lâmina.

Ao se aproximar, ele conseguiu perceber que em uma parte de madeira da parede havia sangue... letras escritas com sangue.

Quando Silvia se afastou dali para fotografar as espdas que faltavam na parede, e ainda exclamando o quão impressionante era aquilo, Carlos conseguiu enfim ler o que havia escrito.

ELE É O ÁS DE OUROS

EU QUERO O ÁS DE OUROS

As letras estavam cravadas na parede e era visível que a mensagem havia sido escrita com a ponta da espada, provavelmente logo após a cabeça de Otávio ter sido cortada.

– Não faz o menor sentido, não é? – disse Edson logo atrás de Carlos.

Carlos mal teve tempo de responder e Edson já continuou falando.

– Mas eu até que estou gostando desse assassino. Ele é inteligente e está querendo brincar com a gente.

Silvia olhava para Edson com censura.

– Eu sei que você é meio estranho, mas a sua empolgação com esse caso está começando a me assustar.

– Ah, qual é, Silvinha, vai me dizer que um caso como esse não é empolgante? É bom sair da rotina com aqueles casos de sempre – e agora Edson falava e usava as mãos como se descrevesse um relatório. – Corpo encontrado no lixo. Assassino: um traficante do bairro quitando uma dívida. Mulher encontrada morta próxima de casa. Assassino: marido corno – e a empolgação voltava. – Um caso como esse requer maior atenção e ainda tem um jogo de mentes entre polícia e assassino. Casos como esse, que a gente só vê em filmes, foi que me fizeram ser um agente investigador.

– Eu concordo com Edson – disse Carlos ainda olhando para a escrita na parede.

– Concorda? – espantou-se Silvia.

­– Esse caso vai ser bem interessante – Carlos completou.

Pela cara de espanto, nem Edson esperava ouvir isso vindo de Carlos.

Os três não tiveram tempo de prolongar a discursão, pois nesse exato momento eles ouviram uma gritaria do lado de fora da mansão e segundos depois um jovem entrava correndo no escritório.

O jovem parou. Olhou para o corpo sem cabeça. E vomitou.

2 comentários:

Isaque Bressy disse...

Putz... sensacional! literalmente!

Ednilson Junior disse...

Danke, sir! xD