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segunda-feira, 7 de março de 2011

Lacius - Dentro do livro [6:1]

A diretora Lorena não era uma pessoa crédula. Apesar de presenciar o acontecimento, não podia acreditar no que viu. Não havia nada que pudesse causar aquele fogo e, mesmo assim, o papel havia entrado em combustão. Uma dúvida persistia na cabeça de Lorena. Ou os três garotos estavam interpretando muito bem, ou realmente eles não faziam idéia do que estava acontecendo.

Após voltar a perceber a situação na sala, tentou acalmar a garota sentada na cadeira, chorando aos berros. 

- Calma, querida. Está tudo bem. Você não se machucou - falou a diretora, segurando-a pela mão e analisando-a, sem encontrar ferimento algum.

Após acalmar Jaqueline, Lorena chamou a enfermeira para verificar se realmente estava tudo bem com a menina. Retirando a suspensão dos três, a diretora os aconselhou ir para casa, visto que a última aula já havia transcorrido mais que a metade. 

- Podem ir agora. Solicitarei uma investigação sobre o ocorrido. Estarei de olho em vocês. - diz Lorena, finalizando a conversa.

. . .

Lúcio e Esteves acompanharam Jaqueline até a casa dela. Entraram e ficaram aguardando-a tomar banho. Enquanto isso, os dois sentaram-se no sofá e comeram um lanchinho que a mãe de Jaqui havia preparado.

O vapor d'água tomava todo o banheiro, embarçando os espelhos e o vidro do box. A chave posicionada no estado "Desligado" fazia a água do chuveiro cair em temperatura ambiente. As gotas, porém, ao tocarem o ardente corpo da garota, viravam instantâneamente fumaça e desapareciam no ar.

Na sala de estar, copos vazios estavam em cima da mesinha de centro da sala. Uma mochila fora aberta e os dois garotos agora estavam debruçados sobre o livro de páginas negras.

- Eu não havia te falado... - disse Esteves a Lúcio que passava o olho rapidamente pelas páginas do livro - Está escrito em outra língua.
- Não, meu caro. Não está. - retrucou Lúcio, rindo consigo mesmo - Estou conseguindo ler claramente.
- Do que está falando? Estes símbolos não fazem sentido. Parecem estar codificados.

Enquanto Lúcio folheava o livro, passando os olhos rapidamente, várias vezes seguidas, nas páginas, Jaqueline saía do banheiro com a toalha amarrada no cabelo. Ela parecia outra pessoa após o banho. Parecia ter lavado a alma. Após se arrumar rapidamente, desceu ao encontro dos outros dois.

Os dois amigos estavam discutindo algo sobre magia na hora em que ela apareceu na sala. Não foi preciso falar nada, assim que Lúcio a avistou, ele levantou e foi correndo abraçá-la.

- Você está bem, paixão? - perguntou ele, apertando-a com cuidado e sussurando ao ouvido dela.
- Estou melhor do que nunca, meu amor - e, dizendo isto, o olhou nos olhos e o beijou calorosamente.

Esteves, vendo aquela cena romântica, pensou se deveria interromper. Não aguentando aquela situação por um minuto, ele decidiu fazê-lo.

- Bom, pessoal, podemos voltar ao trabalho aqui? - Perguntou ele, tentando fazer os dois se desgrudarem.
- Trabalho? Que trabalho? - questionou Jaqueline, descolando os lábios dos de Lúcio.
- Amor, você não acredita... - os olhos de Lúcio brilharam neste momento - Esteves conseguiu abrir o livro.
- Não foi bem assim - retificou Esteves - Quando você o soltou lá no pátio, ele já estava aberto.
- E sobre o que é o livro? - perguntou Jaqui, ansiosa.
- O livro é muito extenso, fala sobre muitas coisas. Terminei de ler o primeiro capítulo. Parece ser um livro de magia. O mais interessante é que Esteves não consegue lê-lo.

Jaqueline pegou o livro das mãos de Esteves e começou a folheá-lo.

- É... Parece que isto aqui está escrito em outra língua. - disse ela, devolvendo o livro ao amigo.

Os três então sentaram ao redor do livro e Lúcio começou a contar-lhes tudo o que havia lido. Falou sobre como o mundo surgiu e como os seres coexistiam neste mundo. Falou também sobre uma separação entre os povos e sobre as mudanças que ocorreram nesta primeira era.

Lúcio ia contando dos detalhes da história e os dois ouvintes pareciam estar viajando nas palavras que ele falava. Parece que nem repararam na hora em que Lúcio pegou o livro e começou a ler de onde havia parado.

- "... e os guardiões do código ficaram responsáveis por selarem o acordo."

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