Lúcio abria os olhos lentamente, tentando enxergar ao seu redor. A luz era muito forte que dificultava a sua visão. Aos poucos, o ambiente alvo foi dando lugar a uma paisagem campestre, onde uma cidadezinha interiorana se mostrava gradativamente. O local ainda estava um pouco úmido do orvalho noturno e o cheiro da grama molhada o fazia lembrar da sua infância.
Ao longe, Lúcio avistou algumas pessoas sentadas em círculo sobre a grama. Apesar de não estar reconhecendo nenhuma delas, ele resolveu ir falar com elas.
Ao se aproximar, ele percebeu que algum tipo de culto estava acontecendo naquele lugar. Havia uma senhora no meio do círculo composto por jovens (crianças, em sua maioria). Ela estavas com o joelho e a testa sobre o chão e suas mãos seguravam o caule de uma pequena planta que4 irradiava um brilho dourado.
Lúcio fez menção de falar, mas uma voz que ele não sabia ao certo de onde vinha falou: Sente-se, Lúcio.
Apesar de saber que árvores não falam, Lúcio podia jurar que a voz vinha de lá e que esta pequena planta, que crescia a cada segundo, estava olhando para ele.
O círculo se abriu para que ele sentasse e este foi em direção ao centro. Ele sentiu sua cabeça encostar no chão quando de repente abriu os olhos. Uma enorme árvore estava em sua frente. Suas mãos estavam em torno do tronco que emitia uma luz muito forte. Enquanto segurava a árvore, a mesma voz foi ouvida novamente:
- Lúcio, sempre proteja a natureza, custe o que custar...
E a voz da árvore foi subitamente interrompida com um grito de dor provocado pelo machado que atravessara seu grosso caule. O sangue agora escorria pelas mãos de Lúcio que não estava mais entendendo o que ocorria.
Uma multidão carregando tochas, serras, machados e outros instrumentos destrutivos se aproximava da região, exterminando todas as plantas do local.
Lúcio tentou fugir, mas o céu escureceu e ele de repente parou. Parecia não haver mais chão sob os seus pés. Ele agora flutuava em meio ao espaço. As únicas luzes visíveis eram pontos distantes emitidos por estrelas que formavam uma constelação em formato de uma árvore.
As luzes chegavam cada vez mais perto, assim como uma voz grave que falava: "Custe o que custar, Lúcio".
Um senhor então apareceu dentre a luz, caminhando lentamente em sua direção.
- Não tema. Não o machucarei. - disse ele enquanto se aproximava de Lúcio.
-Quem é você? - perguntou Lúcio, assustado.
- Um amigo - respondeu ele -. Um amigo que te mostrará a verdade. - completou.
E dizendo isso, fez Lúcio olhar em direção à Terra. Ele a estava vendo de cima. Podia agora ver todas as nações. Em todo lugar que olhava via destruição. Todo o planeta estava se destruindo. Guerras, queimadas, matanças, poluição. O mundo havia virado um caos. Desastres naturais aconteciam com freqüência. Terremotos, maremotos, enchentes, furacões eram algumas das várias maneiras que o planeta usava para responder à destruição que o homem havia causado.
- Custe o que custar! - repetiu o velho senhor.
A raiva e o ódio cresciam dentro de Lúcio ao olhar aquelas cenas.
- O que eu posso fazer para por um fim nisso? - perguntou ele.
- Venha comigo - disse o senhor de barbas longas e brancas, estendendo a mão - . Lutaremos juntos e poremos um fim nisso tudo!
- Não, Lúcio! - Uma outra voz surgiu, junto com um clarão que o cegou momentaneamente -. Acorde!
E assim, Lúcio acordou em um lugar que ele achava familiar. Com a visão ainda turva, percebeu que havia voltado ao hospital, onde estivera no dia anterior.
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