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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Distorção - Palavras não são o bastante [2]

Adam descreveu tudo o que tinha acontecido para Guilherme com uma enorme riqueza de detalhes. Foi como se ele estivesse vendo tudo de novo.

- Que história mais louca cara. - Afirmou Guilherme após ouvir tudo sem acreditar muito. - Isso só pode ter sido um pesadelo.
- Não foi um pesadelo! - Exclamou Adam preocupado.
- Não dá para acreditar em algo tão surreal Adam. Pelo visto aquela reportagem que eu lhe amostrei mexeu com você. - Justificou Guilherme.
- Esquece. - Respondeu Adam desapontado. - A propósito, como você me encontrou?
- Eu tinha marcado com o Márcio em frente ao mercado para entregar uns filmes que ele tinha me emprestado e depois decidimos caminhar na praia um pouco, já que não tinha nada pra fazer. Foi quando a gente viu você desacordado na areia. Então nós trouxemos você até sua casa. O Márcio teve que ir embora porque ele tinha outras coisas pra fazer. Aí eu disse pra ele que eu ia ficar mais um pouco, mas já faz uma hora que estou aqui. - Explicou Guilherme.
- Sabe Adam, senti você meio distante hoje o dia todo. Você está com algum problema?
- Sim, estou. - Respondeu Adam com a esperança de que seu amigo finalmente acreditasse nele.
- Tente me entender meu amigo, o que você contou não faz sentido algum. - Insistiu Guilherme se preparando para ir embora. - Eu realmente tenho que ir pra casa agora.
- Tá certo. - Murmurou Adam.
- Amanhã a gente se fala. - Afirmou Guilherme antes de sair.

Adam sabia que por mais que seu amigo se interessasse pelo sobrenatural, ele nunca acreditaria no que ele falou, pois era muito realista apesar de tudo. Ele precisava ver para crer. Pensando nisso, decidiu não falar mais nada sobre o assunto, pelo menos por enquanto. Precisava colocar as idéias no lugar, afinal seu dia não foi dos melhores.

A solidão nunca incomodou Adam como naquela noite. Após tomar um banho e comer algo, foi pesquisar mais sobre o caso do livro misterioso na internet. Talvez o que lhe aconteceu tivesse alguma ligação com aquela reportagem, pelo menos era isso que ele não cansava de dizer para si mesmo. Procurou por algum tempo, mas não encontrou nada, exceto a mesma reportagem que Guilherme havia lhe mostrado. Selecionou o seguinte trecho e imprimiu:

"Às vezes é necessário intervir no mundo deles, afinal nossos inimigos também fazem isso. Torna-se importante nos misturarmos a eles e ocultar nossas identidades, assim também como nossas missões. Até mesmo nós tememos o dia em que teremos que destruir o "fruto do caos". Este caminha sorrateiramente pela terra e talvez tenha assumido a forma de um deles. Nosso maior medo é presenciar o possível fim da mais perfeita obra do Criador."

Quem teria escrito aquilo? Quem era aquele cara que caminhou sobre as águas após abrir uma fenda no céu? O que era o “fruto do caos”? Adam tinha muitas perguntas, mas nenhuma resposta.

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