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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Lacius - Na Fogueira [1:1]

Lúcio acordou ofegante após um pesadelo que o deixou totalmente suado e atordoado. Desde o seu aniversário de dezesseis anos (duas semanas e meia atrás) que ele vinha tendo este mesmo pesadelo todos os dias. Ele caminhava, em seu sonho, no meio de diversas criaturas que nunca tinha visto. Estas criaturas eram estranhas e faziam coisas mais estranhas ainda, como andar sobre o ar ou até desaparecer de um lugar e aparecer em outro. Lúcio, apesar de assustado, tinha de caminhar por este estranho corredor, pois o chão estava desabando atrás dele, deixando visível um enorme buraco que parecia não ter fim. A cada passo, parecia que a velocidade que o chão ia desmoronando aumentava. Lúcio agora corria em direção a uma luz vermelha que crescia mais e mais quando ele se aproximava. Ele estava agora em uma sala, muito quente, com várias pessoas ao seu redor, apontando para seu rosto, cuspindo nele. Ele estava amarrado e não conseguia se soltar. O calor estava muito forte. Seu corpo queimava. As chamas da fogueira na qual estava amarrado o fazia gritar de dor.

- Lúcio! Meu filho, você está bem? Teve pesadelo outra vez? - perguntou sua mãe abrindo a porta rapidamente e correndo ao seu encontro.
- Sim, mãe. Estou bem. Acho que o filme de ontem não me fez bem. - mentiu, tentando acalmar a mãe.
- Venha. Já é tarde para estar na cama. A partir de amanhã não terá essa mordomia de dormir e acordar tão tarde. Venha tomar o café. Já está na mesa.

As aulas de Lúcio começariam no dia seguinte. Tivera as férias bastante agitadas e agora chegara a hora de voltar à realidade. Iria cursar o primeiro ano do ensino médio e estava bastante curioso com relação às disciplinas que teria de estudar. Sempre fora um excelente aluno, com as melhores notas da turma. Curioso ao ponto de passar horas na biblioteca e nos laboratórios da escola, realizando seus experimentos, Lúcio via nas novas matérias a oportunidade de conseguir esclarecer as dúvidas que os professores insistiam em dizer que seriam respondidas neste ano letivo. 

Assim que acabara de fazer seu desjejum, seu celular toca uma música que compusera na noite do seu aniversário e que colocara no próprio blog para download (algumas pessoas da escola acessavam seu blog e gostavam do conteúdo semanal que Lúcio disponibilizava). Era Jaqueline, sua namorada. A mãe soube na hora, pois ele pegou o celular e saiu correndo para a varanda da casa, de modo a ficar mais à vontade para conversar. Após dois segundos e meio, lá estava ele na varanda com telefone ao ouvido e com uma voz melosamente alterada.

- Oi amor. Dormiu bem?
- Bom dia, mozinho. Dormi sim. Fiquei preocupada porque você não me ligou.
- Acabei perdendo a hora. Acordei há uns quinze minutos. Fui dormir muito tarde, estudando aqueles textos. Não sei se resolverão o meu problema.
- Aconteceu novamente?
- Sim! Já tentei de tudo. Aqueles sites sobre hipnose que você me encaminhou. Você tem certeza que aquilo tem algum embasamento científico?
- Eu te falei que minha tia melhorou do problema dela, não foi? Por falar nisso, eu acho melhor você procurar um médico. Você é muito teimoso. Já cansei de falar isso para você.
- Não se preocupe, amor. Isso vai passar. É só um sonho.
- Um pesadelo, você quis dizer, não é? E o mesmo! Sempre!
- É... Eu sei... - disse Lúcio, olhando para o portão, onde um garoto acabara de aparecer gritando.
- Que gritaria é essa aí? - perguntou Jaqueline, já sabendo de quem se tratava.
- Adivinha! O Esteves. Tinha esquecido que já era tão tarde. Combinei com ele de irmos ao lago. Nos vemos mais tarde?
- Certo. Vou ao salão às três. Acho que só estarei em casa às seis. Te vejo mais tarde! Beijo...
- Beijo, amor! Tchau!


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